quarta-feira, 22 de julho de 2009

Cronica: Mulheres de Fibra, Grandes Mulheres

Naquela manhã de 8 de março de 2008, eu acordei com vontade de escrever alguma coisa voltada ao dia da Mulher. Com M maiúsculo, claro! É, porque, assim como o mundo está cheio de homens com h minúsculo, mulheres existem também.Mas, minha vontade em escrever às Mulheres não se prendia unicamente ao dia 8 de março. Seria muito pouco. Na véspera, em um programa de TV, uma mulher disse: puxa, gosto tanto dos homens e não tem o dia dos homens. Eu ouvi isso e rapidamente retruquei em meus pensamentos: Homem tem todos os dias para comemorar.A princípio, minha resposta mental pareceu a mais machista e idiota que eu poderia ousar. Mas, pensando bem, de fato todos os dias são os dias dos homens!Caramba! Agora dancei!Calma Mulheres, eu explico.Todos os dias são dias dos homens, desde que nós nascemos, e não discutam isso.É que nós nascemos de uma Mulher! Mais que um motivo para assumir que todos os dias, nós homens, devemos comemorar esta primeira grande dádiva de nossas vidas.Mas a Mulher também não nasce de uma Mulher?Mas aí.... fazem parte da mesma casta, é normal. Agora nascer Homem de uma Mulher, é fantástico!Eu nasci de Regina, uma Grande Mulher que partiu há quase cinco anos.Regina foi digna de ser chamada Mulher!Foi uma Mãe que superou limites físicos e espirituais para me tornar Homem!Primeiro porque, após seis partos complicados foi desaconselhada pelos médicos a continuar a gravidez e, mesmo assim, agarrada aos seus Aliados pela Fé, ela foi até o fim e eu estou aqui me lembrando de Regina, a grande Mulher, minha Mãe, 54 anos após esta minha primeira e grande vitória: Nasci de uma Grande Mulher!Mas o que é hoje para ser o dia da Mulher?Pois é, o dia da Mulher não surgiu em função de uma festa, uma "rave"! Nasceu em razão de uma luta de heroínas contra um sistema machista e opressor. Não vou contar esta história, afinal quem não a conhece nem deveria comemorar. Até porque daria uma outra crônica, outra história.Para ser o dia da Mulher o dia de hoje foi marcado pelo sacrifício de heroínas. E eu diria que todas as Mulheres com M maiúsculo são heroínas! Qual Mulher que se enquadra nesta homenagem? Todas? Não. Assim como não são todos os homens dignos do H maiúsculo.Dignas de homenagem são mulheres que sabem dar valor à vida.Ah! Isso é chover no molhado!Não!!! Calma!!! Dar valor à vida tem muitos significados. Mas, de todos eles, o mais importante é saber o que é vida. Viver não é apenas estar pleno de saúde, respirando. É ter vida digna e não achar que, pelo simples fato de que o mundo passou a perceber que a mulher não nasceu apenas para parir, equivocadamente se coloque o homem na condição de... serviçal de prazeres.Hum!!! Agora dancei.
Vocês mulheres vão dizer que eu fiquei na defesa, tentei dar uma de vítima!Não. Na verdade assumi que sou frágil. Inclusive, me lembrei do livro "Homem, Sexo Frágil", escrito pelo psicoterapeuta Flávio Gikovate.
Por que então vou posar de único, o forte, se não consigo viver sem elas?
Mulheres que sabem viver são mulheres que buscaram seu espaço, se posicionaram na vida e no mercado de trabalho, mas não deixaram de ser mulher. Mulheres que conhecem o que é ser humano, ser amante, ser mãe e serem profissionais. Mulheres que muitas vezes lutam sozinhas e encaram os sortilégios do mundo; mulheres que encaram vicissitudes...
Só isso? Não! Mas aí sou obrigado a lembrar Che Guevara: mulheres que agem com fibra, mas sem perder a ternura, o encanto!Se não fosse por uma Mulher eu não estaria aqui escrevendo neste dia 8 de março de 2008; se não fossem as mulheres eu não teria conhecido a maior das emoções, o maior dos sentimentos, eu não teria conhecido o Amor! E, se o amor é o que nos aproxima de Deus, a Mulher é que nos aproxima do Céu! Quando você é digno do amor de uma Grande Mulher você está no céu! Afinal, quando um Homem e uma Mulher são amigos e parceiros, antes de amantes, são capazes de dar inicio a um pequeno céu, aqui mesmo na terra. Dividindo sonhos, metas, alegrias, tristezas, filhos, se tornando dignos de serem comemorados todos os dias, a vida toda.E, lembrando Victor Hugo: "Enfim, o homem está colocado onde termina a terra; a mulher, onde começa o céu”.Beijos às Mulheres e respeito a aquelas que sabem "endurecer sem perder a ternura".

Luiz Nunes
Um humilde admirador da Vida!
Veja Video com narração desta Crônica em meus Links, ao lado.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Pesquisa Etnográfica - A Razão de uma Nova Diretiva nos Relacionamentos Com o Consumidor

Dizem que uma boa e completa relação amorosa pode ser percebida por algo muito especial, algo que os amantes afirmam ser “uma questão de pele”. Aquela intimidade que impede que uma das partes possa tentar esconder uma chateação, uma rusga, ou ainda uma simples preocupação, sem que a outra logo perceba. O odor muda, a palpitação, enfim, até a respiração denuncia o mal estar por qualquer motivo, muitas vezes, no caso dos amantes, banal.
É neste tipo de sensibilidade que as relações entre produtos e consumidores estão se inserindo.
Houve uma mudança na psique dos consumidores ou as corporações não perceberam que, por mais que seus encantos tenham arrastado multidões por muitas décadas, estão sendo traídas na hora “H”? Será que o desenvolvimento tecnológico acabou por prejudicar a naturalidade de tão saudáveis relacionamentos? Seria como se o ponto “G” da marca, então tranqüila e se considerando suficientemente envolvente para jamais perder seus adeptos, estivesse menos sensível, esquecendo a missão da conquista diária?
Dizem que, também no campo das relações, muitas delas se eternizam por falta de opção. Sórdido este comentário, mas, friamente analisando, é verdadeiro. Aí entrou a avassaladora oferta tecnológica como principal vilã dos, então saudáveis, relacionamentos. Os freqüentadores de salas de bate papo, orkut e blogs, agora também corporativos, que o digam.
Nos anos 80, Washington Olivetto e Eduardo Fisher, ícones da propaganda brasileira, já demonstravam, na criação, preocupação com a intimidade entre os produtos e o consumidor. Olivetto esbanjou conhecimento da emoção de uma pré-adolescente e seu primeiro sutiã, para a Valisère, enquanto Fisher, para demonstrar que a máquina de lavar roupas era uma intima parceira da dona de casa, colocou uma mulher literalmente dentro de uma White - Westinghouse, surpreendendo seu próprio cliente.
Mas, até a pouco mais de uma década ainda se encontrava apenas uma ou duas marcas líderes em cada segmento. Aquele determinado sabão em pó reinava soberano em um universo de consumidoras fiéis. O prazer era inexorável até que, num determinado canal de vendas, surgiu uma nova sedução. O novo pretendente ao coração da consumidora considerou a “brancura total” uma espécie de commodity e providenciou cantadas espetaculares com a promessa de realçar as cores, tirar manchas impossíveis... Aí a líder correu atrás e procurou juntar todos estes diferenciais e ofereceu um buquê de cores, cada matiz uma finalidade, um benefício. Bom, todos nós sabemos onde isto foi parar. Várias candidatas a líder se envolveram em uma excitante guerrilha de mercado e o consumidor, enfim, conquistou o poder, de poder escolher.
É, mas esta relação com o consumidor passou a ser uma relação de fato. Em sua edição 859, a Revista Exame relata uma quebra de paradigmas no campo das pesquisas tradicionais. Não que institutos de pesquisas, alguns tão consagrados que seus relatórios mais parecem cartas magnas, como o IBOPE, NILSEN, DATAFOLHA, entre tantos outros, tenham deixado de ter importância. Mas, mesmo nas técnicas mais apuradas parece faltar intimidade. O depoente nem sempre é natural. As reuniões são realizadas quase sempre em lugares que pouco têm a ver com a realidade de suas vidas. São confortáveis demais em relação ao meio em que vivem. A matéria da Exame trás depoimentos muito interessantes sobre esta mudança de atitude. Maria Eduarda Kertesz, diretora de marketing da Johnson & Johnson, por exemplo, “em uma pesquisa sobre absorventes femininos, visitou moradoras de pequenas cidades do Nordeste, muitas viviam em casebres de um só cômodo onde o único lugar para sentar era o colchão do casal. ‘Nessa pesquisa, afirma Eduarda, pudemos ver como a sexualidade feminina é encarada de maneiras diferentes nas diversas regiões do Brasil’. Ter este tipo de informação é fundamental na hora de criar produtos ou campanhas de comunicação”.
Por quê criar ambientes que se assemelhem à realidade do consumidor para trazê-lo à pesquisa, se ele vive e pratica determinados hábitos, em lugares de sua preferência? Assim como Maria Eduarda da J&J, executivos de alto escalão das mais renomadas organizações trocaram o paletó com gravata por roupas comuns, uniformes de garçons e foram vivenciar as intimidades do consumidor. Em 2005, 14 mil funcionários da AmBev, inclusive seu presidente Luiz Fernando Edmond, foram a campo, conforme noticiou o jornal O Estado de S. Paulo, em 23/01/06.
Nasceu assim a Pesquisa Etnográfica. Uma pesquisa baseada nos conceitos da antropologia. Uma verdadeira imersão no meio em que vivem os consumidores.
Esta preocupação com a intimidade do consumidor também foi objeto de debate no ENA 2005 – Encontro Nacional de Anunciantes, promovido pela ABA – Associação Brasileira de Anunciantes, que tratou da Criatividade, Ética e Resultados. Em sua edição do 4o. Trimestre de 2005, a CENP EM REVISTA, publicação do CENP – Conselho Executivo das Normas Padrão, entidade que trata da normatização e ética nas relações do mercado publicitário, trouxe um importante depoimento da Diretora de marketing da Procter & Gamble, Juliana Azevedo. Juliana disse que “Ainda que seja uma empresa fortemente apoiada em inovação, que conta com mais de 7 mil cientistas em seu quadro de colaboradores no mundo inteiro, a P&G logo percebeu que não teria como usar por aqui – Brasil – soluções pré-formatadas. A saída foi a estrutura para usar o consumidor como fonte de inspiração. Para tanto, a P&G investiu em vários tipos de estudos etnográficos, nos quais seus executivos vivenciam a experiência do consumidor, acompanhando-o no domicílio, ou no ponto de venda, trabalhando, por exemplo, como balconista de uma farmácia”.
Foi em uma dessas vivências que uma das executivas da P&G, Anamaria Gotelli, freqüentando a residência de uma família na periferia de Guarulhos, na Grande São Paulo, observou que a área em que lavam a roupa costuma ser descoberta e úmida. Por isso a P&G adotou a embalagem de plástico no sabão em pó Ariel. Entre os principais produtos do mix da Procter & Gamble estão os sabonetes, xampus e perfumes, bons motivos para Anamaria entrar em um salão de cabeleireiro, no largo 13 de Maio, uma região popular da zona Sul de São Paulo, onde pagou 12 reais por uma escova. “Nenhum ambiente é mais propício a comentários espontâneos do que o cabeleireiro de bairro”, segredou à Exame.
A Unilever foi a primeira multinacional a aderir ao marketing etnográfico no Brasil. Foi acompanhando donas de casa que surgiram os molhos de tomate com polpa de beterraba, cenoura, espinafre e vegetais combinados, e o que é importante, sem o gosto dos legumes, somente com seus nutrientes. Claudia Ignácio, gerente de pesquisas, diz que cansou de ouvir mães afirmarem que obrigavam seus filhos a comer verduras e legumes.
Acredito em vivências embasadas nas Intimidades dos relacionamentos, sejam dos amantes, sejam de consumidores em busca de produtos que saciem seus mais diversos desejos. Desejos fazem parte da razão humana. Dentre os segredos descobertos além das alcovas, nos botequins, salões de cabeleireiros, favelas, supermercados, filas de banco, cinemas... o mais precioso é constatar que somos, indistintamente, carentes. Mesmo nos momentos em que estamos vivendo a plenitude de uma deliciosa relação amorosa ou com um sorvete da Kibon, o sabão em Pó Omo, um Johnny Walker, um Volkswagen, uma Mercedes... gostamos de sentir aquela prazerosa sensação de que somos motivos de atenção e carinho constantes.
Porém, apesar da diversificação ser uma tendência, vale citar Michael Porter; quando ele diz, "A estratégia fixa limites para o que a empresa tenta fazer. Tem a ver com escolhas: Não se pode ser tudo para todos”, parece afirmar que as corporações devem seguir uma diretiva em busca da verdadeira vocação, refletida na personalidade dos produtos por elas gerados.
Para concluir minha ousadia em tratar de assunto tão extraordinário eu afirmo: a conquista é como remédio de uso continuo, tem que acontecer todo dia. A traição e o fim dos grandes relacionamentos, basicamente acontecem quando nos achamos suficientemente seguros e nos distraímos, esquecendo o dever constante da conquista e, lembrando Chico Buarque, “qualquer desatenção, pode ser a gota d’água”.
É como diz a garotada: Cuidado, porque a fila anda.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Amigos, amigos, Amores à parte...?

Amigos, amigos, Amores à parte...?
Dia do amigo (20/julho)
Autor: Luiz Nunes


Cheguei cedo em meu escritório na Diretiva Comunicação, empresa de publicidade e outras tantas coisas, entre elas Assessoria de Imprensa, maravilhosamente regida por minha caçula Lilian de Souza. Aliás, uma jornalista feliz por seu diploma e agora aguardando o registro na DRT, a despeito dos que acham isto desnecessário para o exercício sagrado da profissão de jornalista. (vejam meu artigo Jornalistas sem diploma)
Desabafos à parte, acabei de comentar com ela, tomando um cafezinho maneiro, que ao abrir meus e-mails, um, em especial, me chamou a atenção. Uma News Letter oferecendo descontos especiais para o dia dos amigos, em roupas, acessórios... Hilário! Como profissional em publicidade, achei uma sacada bacana o aproveitamento desta oportunidade diferenciada de venda. Massss!!!
Na verdade, esse e-mail me fez reportar para o significado da “instituição” amizade.
Meus queridos, esta é uma matéria cheia de maravilhosas polêmicas!
Afinal o que significa ser amigo?
Querem que eu trate o assunto como poeta?
Bom, poderia assim dizer que um amigo é um tesouro que nos é presenteado por Deus.
Olha, poeticamente falando, eu diria que é muito mais que isso.
Alguns “poéticos” já afirmaram que “amigo é o irmão, irmã, escolhido por nós” e que os irmãos consanguíneos nem sempre são amigos!
Mas, nem vou continuar a tratar do assunto em tom tão lírico.
Quero falar de uma coisa mais prática. Amigos e amantes podem co-existir?
A música popular brasileira está repleta de desabafos dos amigos que se apaixonam por suas amigas e vice – e - versa.
Uma música interpretada pelos Titãs – preciso ver de quem é a autoria – conta uma história interessante. O autor diz que “ela” apareceu do nada e mexeu demais com ele. Bom, este mexeu demais, prá ele foi paixão, já prá ela... Tão significativo que ele, prá não deixar rolar apenas uma amizade, de cara avisa: “ não quero ser só mais um amigo.” Mas, a paixão parece ter acontecido apenas para ele e, de repente, ficou indeciso em tomar uma posição, que poderia ser “cedo ou tarde demais PRA DIZER ADEUS, prá dizer jamais.” Afinal, declarar-se poderia afastá-la de sua vida.
Ou seja, o contagio emocional aconteceu somente com ele. E agora? Cair fora? Mas, o melhor foi chamar a atenção e dizer: “porque você não vem prá mim?” Vir prá mim não é a mesma coisa de vem comigo. Vir prá mim pode significar que ele a quer apenas para si. Algo exclusivo apenas de amantes e não de amigos. Amigos não são exclusivos de ninguém. Podemos ser amigos de várias pessoas ao mesmo tempo. Embora, amigos de verdade sejam cada vez mais raros.Enveredando pelo “reino das canções” eu acabei por trair minha idéia de sair da análise sobre amizades a partir da poesia. Entrei no âmbito das canções e não poderia me esquecer de Cazuza. Cazuza é co-autor de uma canção muito legal, “Preciso Dizer Que Te Amo”. Nossa! A letra, poesia dele, fala de um cara angustiado por uma amizade muito especial, por uma pessoa maravilhosa que enxerga nele “apenas” um amigo. Ele, aflito, quer desabafar, mas sempre se mantém na condição de amigo, ouvindo-a falar de suas dores com outros amores. Coitado, vejam só a que ponto vai sua “penitencia” de amigo apaixonado, quando ele diz “Quando a gente conversa / Contando casos besteiras / Tanta coisa em comum / Deixando escapar segredos. / E eu nem sei em que hora dizer / Me da um medo (que medo). / É que eu preciso dizer que eu te amo / Te ganhar ou perder sem engano...”
Conquistar ou perder! Isso mesmo! Ir pro tudo ou nada. É preciso dizer do seu amor antes que morra de angustia. Afinal, ninguém merece ficar ouvido a pessoa amada falar de seus problemas com outro! E, em seus pensamentos ele se imagina desabafando: “Nessa novela, baby, eu não quero ser teu amigo.../ Eu preciso dizer que te amo.../ Eu já nem sei se estou misturando (as coisas)... eu perco o sono.../, lembrando em cada riso teu qualquer bobeira ”. Ou seja, qualquer sorriso diferente da amada faz com que ele tenha esperança e, por que não, ganhe forças prá dizer dos seus sentimentos.
Fala Sério? Até que ponto uma relação assim pode ficar apenas no campo da amizade? Valeria a penas correr o risco de perder esta amizade prá tentar ser feliz?
É, quando no primeiro encontro, na primeira troca de olhares já rola um brilho diferente, um desejo, fica difícil reverter este impulso de paixão por uma tentativa de amizade.
Mas, vamos voltar à coisa prática. Amizade, prá mim, extrapola conceitos de afinidades. Amizade é cumplicidade, dedicação superior ao amor emocional/carnal entre duas pessoas. Amizade é tão superior que, de fato, é um presente que não se deve correr o risco de perder. É tão forte que, pior que nos casos das relações amorosas em que apenas um está totalmente amando, quando acontece uma única situação de quebra de confiança o mundo desmorona.
Só que, exatamente por esta minha visão da superioridade da relação de amizade em relação a uma simples relação amorosa (assim mesmo, sem esquivar da palavra relação) eu escrevi em minha crônica “Mulheres de Fibra, Grandes Mulheres”, que “Afinal, quando um Homem e uma Mulher são amigos e parceiros, antes de amantes, são capazes de dar inicio a um pequeno céu, aqui mesmo na terra. Dividindo sonhos, metas, alegrias, tristezas, filhos...”. Ou seja, eu creio que uma relação amorosa tem que incluir a relação de amizade para sustentar uma vida a dois. É que eu acredito que só os amantes não amigos, traem. Os casais que se sustentam pela cumplicidade de amigos, não traem. Podem até abandonar a relação, mas traição é difícil.
Mas, porque Amigos, amigos, Amores à parte?
Lembram o que Vinicius De Moraes falou a este respeito? Foi algo assim: “Eu morreria mil vezes se um amigo morresse, mas sobreviveria se perdesse um grande amor”. Vai me dizer que ele exagerou? È a pura verdade. Eu mesmo tive a infelicidade de perder minha mulher com apenas trinta anos de idade. Sua morte parecia que ia me sucumbir. Mas, antes que me julguem emocionalmente volúvel, informo que esta difícil experiência só me amadureceu para um dia, ao encontrar um grande amor – não um novo amor, pois nenhum se compara a outro – eu saiba exatamente o valor desta nova relação e, mais que amante da minha nova parceira – agora sim posso dizer “nova parceira” – saiba ser seu grande amigo e possa dar a ela mais que orgasmos. Que eu possa ser dela cúmplice, inclusive a ponto de ouvir seus desabafos de ex-amores.
Nossa! Quantas vezes encontrei pessoas maravilhosas em minha vida que, ao deixar transparecer dúvidas quanto a estar apaixonado e não queria apenas ser seu amigo, se posicionaram como amigas e me aconselharam: não perca esta amizade por causa de uma única noite de amor.
Tenho amigas que desejei como mulher e agradeço a Deus por não ter consumado meu desejo. Mantiveram-se amigas maravilhosas.
Só que tem o outro lado da moeda que também vale analisar.
Porque nos entregamos de corpo e alma para uma pessoa que acabamos de conhecer, correndo riscos de decepções e até de coisas piores e não nos entregamos a uma para a qual até colocamos a mão no fogo?
Será que vale a pena o risco de perder uma grande amizade para a tentativa de uma relação a dois?
Bom, este dilema pode não ser resolvido, assim, simplesmente. Mas uma coisa eu afirmo por experiência de vida: uma relação amorosa dificilmente se torna uma verdadeira relação de amizade sincera. Existem exemplos desta possibilidade? Sim, existem... mas são raros. Já uma relação de amizade sincera tem grandes possibilidades de vir a se tornar uma verdadeira relação amorosa.
Eu passei por uma experiência assim, por volta dos meus vinte anos. Tive uma grande amiga que me apoiava em tudo, inclusive naquilo que eu não podia contar nem com meus pais. Nossa cumplicidade era tanta que foi esta então amiga que se empenhou em me ajudar na publicação do meu primeiro livro. Nós nos víamos muito pouco. Neste período até morávamos em cidades diferentes. Mas quando nos encontrávamos era aquele abraço gostoso e beijinhos no rosto. Bom... os beijinhos no rosto foram ficando cada vez mais perto da boca até que chegaram na metade dos lábios. Não é difícil imaginar que aquele toque de “meios lábios” pediu os lábios inteiros... a boca. Os amigos nos criticaram afirmando que havíamos feito uma bobagem, que nossa amizade era maravilhosa e por causa de uma provável fantasia estávamos pondo tudo isto em risco. Bom, esta relação durou pouco mais de um ano e não perdemos a amizade. Ao contrário. Continuamos amigos e os parceiros com quem nos casamos também.
Se eu estou negando o título desta crônica? Não, com certeza não. E não me venham cobrar a razão desta enrolação toda prá não chegar à conclusão nenhuma! E vou encerrando com uma frase que li no MSN de uma amiga: “Não quero ter razão, quero ser Feliz!”
Ah! Aproveitem o dia do amigo, que é comemorado em 20 de Julho, prá analisar como é importante ter amigos de verdade à nossa volta, mas, se for amor... “não diga, nada por favor”, beijem muuuiiiitooo! Sejamos felizes e vivamos um dia de cada vez. Se hoje evitarmos o risco de sermos felizes, poderemos ter um amanhã muito amargo!
Afinal, sempre existe uma grande razão para permitirmos que nossas emoções se manifestem.
E sabe qual é a maior delas? Viver e viver de verdade!
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