segunda-feira, 8 de março de 2010

UM OSCAR PARA AS MULHERES!

Somente os parceiros são felizes!

Por: Luiz Nunes

Hoje é dia 8 de março de 2010. Um despertar preguiçoso de segunda feira após um fim de semana intenso de comemorações, festas e até de... decepções. No sábado, dia 6, a mulher da minha vida, minha filha Lílian, comemorou, em meio a muitos amigos, seus 23 anos. Também no sábado, tive a felicidade em tornar feliz uma médica dedicada e focada na felicidade das mulheres, ao conseguir interpretar seus sonhos na criação de uma marca, a marca de sua primeira clinica de estética, uma nova parceira de trabalho, a Dra. Sandra França. Ginecologista e obstetra, Dra Sandra foi em busca de especialização na área estética para poder “curar” as quase comuns crises de auto-estima de mulheres, principalmente no pós parto.
Outra alegria foi a vinda de minha irmã Maria, aquela irmã que me socorreu quando a mãe da minha filha partiu e, a seu pedido, fomos a Santos visitar minha sobrinha Valéria que nos presenteou com um lindo sobrinho neto. O Pedro Augusto. Uma criança que chegou na hora certa, a tempo de por um rumo em sua vida.
Foi também um fim de semana nebuloso, preocupado que passei na dúvida em tentar, ou não, decifrar as atitudes de uma mulher que fez um homem sonhar em poder proporcionar a ela a realização do seu sonho! Ele sonhou muito mais com o sucesso dela que com sua própria felicidade. Acordou sem chão.
Engraçado este amanhecer estranho de 8 de março! Mulheres exuberantes subiram ao palco do Oscar e eu, que sempre declarei minha admiração e quase servidão a elas, acordo confuso entre festas e decepções, mas com uma ponta de alegria: pela primeira vez, em 82 premiações do Oscar, uma mulher conquista a estatueta de melhor diretora, por um filme em que foi produtora, idealizadora... e batalhadora. Um filme nada romântico como poderiam ser os prováveis “clichês” atribuídos como possíveis obras de uma mulher. Ao contrário, um filme que trata da pior manifestação humana, o terror. Interessante que, exatamente uma mulher declare “Guerra ao Terror”. E, na exuberância dos seus cinquenta e poucos anos, Kathryn Bigelow, deixou seu ex-marido, o premiadíssimo James Cameron, sem o prêmio. Ela venceu. Mais interessante ainda é que Cameron é o diretor consagrado por filmes como “Titanic”, um filme que conta uma história romântica, esta sim, que poderia ser assinada por uma mulher! Na visão preconceituosa do clichê, claro.
Olha que co-incidência! Kathryn leva o prêmio por um filme cujo tema tem os impactantes nutrientes da atitude que a mulher tomou para assumir seu papel na sociedade. Fazer parte dela. Declarar guerra aos preconceitos e limitações impostas pela cultura socioeconômica, desde que o mundo... é mundo! No enredo ela mostrou personagens que tinham como missão desarmar bombas! Desarmar bombas pode ter significados interessantes. Desarmar a sociedade das agressões, da violência, das mentiras. Por falar em desarmar, mulheres ilustres estão sendo lembradas neste dia da mulher. Zilda Arns que passou a vida procurando desarmar as bombas que são jogadas por sobre crianças carentes, por exemplo. Triste é lembrar que ela morreu exatamente quando fazia sua missão para dar forças às crianças do Haiti. Morreu sob os escombros de uma igreja que desmoronou durante o terrível terremoto que, praticamente, fez sucumbir Porto Príncipe.
Tem alguma coisa de diferente nisto, nesta tomada de posição; neste enfrentamento feminino às tradições e opressões. Declarar guerra não foi apenas uma declaração de tratados oposicionistas ao sistema. Foi o arregaçar de mangas. O assumir sua parte na batalha. Mudaram o discurso. Não são mais mocinhas sonhadoras a espera do príncipe encantado. Eu diria até que os príncipes encantados precisam deixar seus encantos superficiais e de senhores da situação, para assumirem o papel de parceiros de guerrilha, caso queiram continuar tendo-as como suas mulheres. Tendo-as???
Olha, isto me faz rir! Eu sou um amante inveterado. Já afirmei em outras crônicas que sou dependente delas; que não vivo sem elas. Mas o que me fez rir foi lembrar-me de um samba cantado por Martinho da Vila. A letra fala que ele já teve, isto mesmo, “teve” mulheres de todos os tipos, “casadas, carentes, solteira, infeliz”; diz que já teve “donzelas e até meretriz; mulheres cabeças e desequilibradas, mulheres confusas, de guerra e de paz...”, e conclui “elogiando” uma atual “...mas nenhuma delas, me fez tão feliz como você me faz!”
Eu adoro tentar interpretar letras de músicas.
Primeiro, eu acho que ele não teve nenhuma mulher! Ele foi “tido” por várias. Agora, aquela mulher “cabeça” ou a de “guerra e de paz”, devem ter sido as que fizeram com que o autor da letra ficasse despeitado a ponto de escrever esta declaração de falsa posse de tantas mulheres. Pura ilusão!
Não é porque desejamos ter uma mulher que assinamos um atestado de posse. Eu proporia escrever um acordo de partilha. Que acham?
Algo como uma escritura em que os dois se comprometem a enfrentar juntos uma missão e a dividirem responsabilidades para executá-la com sucesso!
Tanto faz homem como mulher. Qualquer um dos dois que por ventura se acomode na dependência do outro, ficando a espera que o milagre aconteça na base do “se Deus quiser”, com certeza vai se frustrar.
Ninguém nasceu prá ter ninguém. Eu posso até me dedicar em busca da felicidade da mulher amada, mas, com certeza, ao sentir que esta se acomodou e passou a roubar minhas energias sem dar nada em troca, sem acrescentar nada às minhas emoções, com certeza estará contribuído para que a minha chama se apague. Aí é hora de repensar. Não existe combustível que dure eternamente. A troca é a única forma de manter ambas as chamas acesas.
Assim, amadas mulheres, que bom que eu pude ser parceiro de algumas guerreiras que me levaram a acreditar no amor, na vida a dois, como parte indispensável para minha vida. Eu não tive nenhuma mulher. Eu procurei ser parceiro delas e a retribuição de algumas permitiu me sentir feliz.
Graças a Deus posso dar este depoimento em um dia tão ambíguo de minha vida!
O que hoje posso estar perdendo serve de crescimento para o que virá amanhã. Sou um homem feliz, na plenitude dos meus 56 anos, porque, entre tantas batalhas vencidas, conheci mulheres que me deram a esperança de que este mundo não foi feito apenas para as guerras, mas, sobretudo, para a paz, podendo, ai sim, ter pessoas maravilhosas à minha volta.
Tive a chance de conhecer mulheres parceiras que me ensinaram a ter a alegria de viver... sem me importar por quanto tempo!
Por isso o Oscar vai para elas, as mulheres parceiras